Dengue: incidência elevada de casos preocupa
Região Sudeste concentra o maior número de casos este ano, seguida do Centro-Oeste
Com mais de 1,4 milhão de casos prováveis registrados até agora, a dengue reafirma seu protagonismo entre os principais desafios de saúde pública de 2025.
O Sudeste é, mais uma vez, o epicentro da epidemia, seguido do Centro-Oeste. São Paulo lidera em números absolutos, com mais de 800 mil casos — cenário que expõe não só a força do vírus, mas também as vulnerabilidades urbanas que alimentam sua propagação.

Dados do de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde mostram que, além de São Paulo, estados como Minas Gerais (153 mil casos) e Paraná (115 mil) também enfrentam situações críticas. E o problema não se limita ao volume de registros: a gravidade dos casos também preocupa. Só em São Paulo, já foram notificados mais de 15 mil casos graves ou com sinais de alarme. Paraná e Goiás vêm em seguida, com mais de 3 mil e 2,5 mil casos graves, respectivamente.
Condições Climáticas
Embora o fenômeno El Niño seja mais frequentemente associado ao aumento de infecções — por provocar temperaturas mais altas e mais chuvas no Sul e Sudeste, o atual momento climático é de neutralidade, com sinais de transição para La Niña no final do ano. Mesmo diante dessa situação, os números seguem elevados. Isso reforça o que já se observou em anos anteriores: o clima influencia, mas não explica tudo. Há cepas do vírus com maior capacidade de transmissão e um vetor, o Aedes aegypti, cada vez mais adaptado ao ambiente urbano.
O combate à dengue exige muito mais do que ações emergenciais. É preciso insistir na prevenção cotidiana: eliminar água parada, tampar reservatórios, manter calhas limpas, trocar a água de animais, usar telas e repelentes. Ações comunitárias e políticas públicas integradas são essenciais. O que se vê hoje é reflexo de uma negligência acumulada, que se repete ano após ano.
Faltando poucos meses para o início da primavera — quando os casos voltam historicamente a crescer —, o Brasil tem uma chance: romper o ciclo da sazonalidade e tratar a dengue como o problema permanente que ela já se tornou.
Mais do que uma emergência sanitária recorrente, a dengue revela fragilidades estruturais que vão da gestão urbana à comunicação em saúde. Ignorar os alertas climáticos, biológicos e sociais que se acumulam a cada ciclo epidêmico é insistir em uma lógica de resposta tardia e paliativa. É hora de transformar previsibilidade em prevenção — e a repetição anual de surtos em um ponto de virada na política pública de saúde ambiental.