A cirurgia ortognática é um procedimento que corrige uma deformação no posicionamento das arcadas dentais, do maxilar e da mandíbula. "Essa deformidade é hereditária e, muitas vezes, evolui da infância e acompanha toda a vida da pessoa", explica José Roberto Barone, presidente da Câmara Técnica de Cirurgia Bucomaxilofacial do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).
O especialista explica que o procedimento interfere em todo o sistema estomatognático, interferindo na mastigação, na deglutição, na fala do indivíduo, e, muitas vezes, na autoestima. "É uma cirurgia totalmente funcional, havendo a obrigatoriedade de cobertura pelos planos e operadores de saúde, porém traz um grande benefício estético também, por conta dos pacientes possuíram essa deformidade entre as arcadas dentárias", afirma.
A cirurgia deve ser feita em centro cirúrgico, ou seja, em ambiente hospitalar, sob anestesia geral. Geralmente, o cirurgião-dentista especialista em ortodontia é o profissional responsável por diagnosticar a anomalia de formação da arcada dentária, e o procedimento deve ser realizado por um cirurgião bucomaxilofacial.
Os benefícios da cirurgia ortognática incluem a correção da oclusão [mordida] do paciente, levando a uma melhor mastigação, deglutição, respiração e fonação.
"É importante, também, a reintegração social desse paciente que, muitas vezes, está com o psicológico debilitado por conta dessa deformidade -- às vezes, é muito severa", acrescenta Barone.
A cirurgia ortognática é indicada para pacientes que possuem o queixo projetado para frente ou projetado para trás, mas também pode ser indicada para quem possui oclusão em classe 1 [considerada a oclusão ideal com uma relação de molares adequada], mas que possuem deformidade do maxilar e da mandíbula.
Além disso, ela pode ser indicada para pacientes com apneia severa. "Hoje em dia, é indicada para o avanço bimaxilar para a abertura da área de respiração do paciente, melhorando consideravelmente a apneia obstrutiva do sono", explica Barone.
Antes da realização da cirurgia ortognática, o cirurgião-dentista especialista em ortodontia irá realizar o alinhamento e nivelamento das arcadas dentais para permitir que o procedimento seja executado com maior precisão e sucesso no pós-operatório.
Além disso, o pré-operatório inclui a avaliação pré-cirúrgica, com a realização de exames de sangue e de imagem, como raio-x de tórax, e um eletrocardiograma. Após uma avaliação minuciosa desses exames, a cirurgia é realizada.
"Esse ortodontista vai fazer esse preparo, e o paciente já deve estar sendo acompanhado pelo cirurgião [bucomaxilofacial]. Isso pode demorar de seis meses a um ano. Depois do procedimento, o paciente volta para o ortodontista que realizará o pós-operatório", explica Barone.
No pós-operatório, os cuidados incluem uso de medicações específicas e o acompanhamento rigoroso com o cirurgião bucomaxilofacial, e, posteriormente, com o ortodontista para finalizar o tratamento ortodôntico prévio. "Atualmente, a cirurgia ortognática traz um resultado rápido. Temos conseguido reintegrar os pacientes em uma semana, até 15 dias, ao seu convívio social", afirma o especialista.
Assim como todo procedimento cirúrgico, a cirurgia ortognática também apresenta alguns riscos. "É o caso do risco da anestesia, mas é muito pequeno, desde que você faça os exames pré-operatórios adequadamente", exemplifica.
Especificamente sobre o procedimento ortognático, um dos principais riscos é o da reintervenção. "Uma cirurgia mal executada pode levar à necessidade de realizar um novo procedimento. [No procedimento] a gente fixa as fraturas com placas e parafusos. Fraturas incorretas podem causar danos ao osso, podem causar má fixação óssea e, consequentemente, levar a novas intervenções cirúrgicas. Tudo isso deve ser explicado ao paciente antes da cirurgia", alerta Barone.