Análise: novas pesquisas deixam Lula no limite para candidatura
Interlocutores avaliam que "risco da biografia" faria presidente desistir de reeleição com popularidade abaixo de 40%, mas apostam em recuperação

A nova rodada de pesquisas de opinião coloca o governo no limite do patamar mínimo de popularidade para o projeto de reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo interlocutores diretos do presidente.
A aprovação de 40% é tida como um piso abaixo do qual o próprio Lula ficaria inclinado a desistir de 2026, com o objetivo de evitar o risco de uma derrota capaz de manchar sua biografia de sucesso eleitoral.
Um petista muito próximo do presidente define: em caso de derrota nas próximas eleições, Lula dificilmente seria lembrado como o grande vitorioso três vezes (2002, 2006 e 2022) e fiador de sua sucessora em outros dois triunfos (2010 e 2014), mas como alguém encerrando a carreira política perdendo para um nome da direita.
É o "risco da biografia", avalia-se no entorno do presidente, que uma candidatura com a popularidade baixa traz para Lula. E as últimas pesquisas acendem um alerta.
De acordo com o PoderData, divulgado nesta terça-feira (3), a aprovação do governo caiu para 39% -- menor índice desde janeiro de 2023. A desaprovação subiu para 56%.
No caso da Genial/Quaest, publicada nesta quarta-feira (4), há 40% de aprovação e 57% de desaprovação.
Isso está longe de significar, na avaliação do PT e do Palácio do Planalto, que seja a hora de jogar a toalha.
Pelo contrário: acredita-se que Lula tem plenas condições de recuperar popularidade e crescer nos próximos meses.
Há uma aposta no "pacote de bondades" em gestação: isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, implantação da tarifa de energia gratuita para 60 milhões de brasileiros de baixa renda, uma linha de crédito para entregadores de aplicativos, financiamento para a melhoria de moradias precárias.
Um ponto positivo para o governo, na pesquisa da Genial/Quaest, é que começou a ser estancada a sangria pela inflação dos alimentos. Em março, 88% achavam que o preço dos alimentos estava subindo. Agora, são 79%. É alto, mas a chegada da safra agrícola e até a oferta maior de frango no mercado interno por causa da gripe aviária devem ajudar.
O problema são as seguidas crises que continuam desgastando a imagem do governo e do presidente: o pix, os descontos indevidos do INSS, a confusão na agenda econômica por causa do aumento do IOF. Pouca gente entende o que é o imposto, mas fica com a sensação de um governo sem rumo.