"Pensem se ele teria a oportunidade de falar. Pensem se ele teria esse espaço”, disse a advogada. Ela afirmou ainda que "estar foragido não é nota de culpa". A afirmação foi feita durante o segundo dia de julgamento do comerciante.
Cupertino é acusado de ter matado, em 2019, o ator Rafael Miguel e os pais dele na zona sul de São Paulo. Ele nega os crimes atribuídos a ele. Rafael era namorado de Isabela, filha de Paulo Cupertino.
Após o crime, Cupertino conseguiu escapar das autoridades por três anos, capturado somente em maio de 2022, após ar por cerca de 100 endereços em pelo menos três países – Brasil, Paraguai e Argentina.
A defesa dele criticou reportagens feitas por veículos de comunicação desde a data em que o ator e seus pais foram mortos. Ao exibir uma reportagem que, segundo a advogada, continha erros, ela declarou: "E quando chega uma aberração dessa? Para a sociedade, para o Brasil inteiro, ele é um monstro. Mas essa é a imagem construída dele. Ele não é um monstro, ele é um ser humano como eu e como vocês."
Ainda neste mês, poucos dias antes do julgamento, Cupertino havia escrito uma carta ao juiz do caso, no qual chamou a imprensa de "mídia suja e hipócrita". No texto, ele escreveu que os veículos jornalísticos estariam "manipulando e não respeitando os direitos dados a todo cidadão brasileiro".
O resultado do julgamento deve sair ainda hoje. A estimativa do Ministério Público é de que o comerciante receba uma pena superior a 60 anos de prisão.
Também nesta sexta-feira, Juliane disse aos jurados que a "personalidade" do réu não deve ser o fator decisivo a ser levado em conta ao decidirem pela condenação ou absolvição.
"A denúncia se baseia única e exclusivamente na personalidade de um homem violento", declarou a advogada. "Em relação à personalidade, não dá para deixar de fora. Quase que [o julgamento] virou uma sessão de violência doméstica. E isso não é o objeto aqui", acrescentou.