Paulo Cupertino durante depoimento no Tribunal do Júri, na última quinta-feira (29). • Reprodução
A Justiça de São Paulo confirmou que Paulo Cupertino, acusado de matar o ator Rafael Miguel e seus pais, será julgado na próxima semana.
O julgamento está marcado para dia 29 de maio, a partir das 10h, no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo.
Em pedido realizado por suas advogadas, Cupertino fez solicitações à Justiça: julgamento fechado, sem presença de imprensa, utilização de roupas civis, não utilização de algemas e substituição de testemunhas. Todas as solicitações foram negadas, exceto a utilização de roupas civis, que foi aceita.
Sobre a não utilização de algemas, o juiz determinou que a avaliação seja feita no momento do julgamento, pela autoridade policial presente.
Sobre fechar o julgamento e proibir a entrada da imprensa, o juiz Antonio Carlos Pontes de Souza ressaltou que o caso já é, por si só, público. "É preciso que se entenda que a repercussão social e midiática se dá pela qualidade de uma das vítimas, pessoa pública, ator, o que não mudará com as atitudes processuais."
O crime aconteceu em 9 de junho de 2019 e chocou o país. Cupertino conseguiu escapar das autoridades por três anos, sendo capturado somente em maio de 2022 em um apartamento na Zona Sul de São Paulo, após ar por cerca de 100 endereços em pelo menos três países - Brasil, Paraguai e Argentina.
Segundo a denúncia do Ministério Público de São Paulo, Cupertino mantinha uma relação de posse com a filha, Isabela Tibecherani Matias e não aceitava que a jovem se relacionasse com o ex-ator da novela infantil.
Os documentos que constam no processo do caso apontam que na data do crime, Isabela saiu para se encontrar com o namorado em uma praça perto de casa, no bairro do Socorro, Zona Sul de São Paulo.
Quando Cupertino chegou em casa e não encontrou a filha, falou com a esposa e exigiu que ela voltasse. Seguindo a ordem do ex-marido, a mãe da adolescente, Vanessa Tibcherani de Camargo, tentou ligar para a filha, mas não conseguiu.
Na sequência, a mulher decidiu ligar para o celular de Rafael, porém quem atendeu foi a mãe dele, pois ele havia esquecido o celular em casa. Depois disso, os pais do ex-ator decidiram levar o telefone para o filho.
Quando encontraram o jovem casal, optaram por também levar Isabela em casa e aproveitar a oportunidade para conversar com Paulo Cupertino no sentido de pedir uma aprovação do namoro do casal.
Segundo o relato de Isabela à polícia, o pai nunca aceitou o relacionamento dela com Rafael. Ela contou que na época que Cupertino soube do namoro, “ficou muito bravo”, pois sempre foi muito possessivo.
Isabela contou que quando os pais de Rafael foram deixá-la em casa, Cupertino quem atendeu o portão. Ele teria sido ríspido com os pais do ex-ator e pediu que ela entrasse, fechando a porta em seguida.
Neste momento, segundo o relato de Isabela, Miriam, a mãe de Rafael, pediu para conversar. O que aconteceu na sequência foram diversos tiros disparados em relação a Rafael e os pais. A perícia contabilizou ao menos treze disparos. Todos morreram no local.
Cupertino enviou um pedido de habeas corpus em uma carta escrita a mão endereçada à Justiça. O pedido de habeas corpus foi apreciado e negado pela Justiça, que não reconheceu as alegações feitas pelo réu.
No documento, Paulo Cupertino pede por um juiz imparcial, assim como “toda pessoa acusada de delito tem o direito a que se presuma sua inocência”, segundo a carta.
“Bem antes da minha prisão venho sendo acusado, massacrado e perseguido de formas e informações totalmente desprovidas e mentirosas, “aximos” (sic) e suposições”, diz outro trecho. Veja a carta.