"Descanse em paz, querido amigo. Estou profundamente comovido com sua morte", escreveu Castro na carta publicada na primeira página do Granma. "Você era um homem íntegro e coerente que retribuiu com carinho e boa vontade a relação humana que construímos", ele acrescentou.
A improvável amizade entre o líder cubano e o líder da Igreja Católica surgiu em 2014, quando o papa incentivou autoridades dos Estados Unidos e de Cuba a restabelecer as relações diplomáticas, rompidas por mais de cinco décadas no início da Revolução Cubana.
A pedido do papa Francisco, os negociadores chegaram a realizar conversas secretas no Vaticano antes de anunciar um avanço diplomático entre as duas nações, que permitiu aos antigos inimigos da Guerra Fria reabrir embaixadas e restaurar relações diplomáticas plenas.
Em 2015, após o primeiro encontro entre Francisco e Raúl Castro, ateu de longa data, Castro exclamou: "Se o papa continuar falando assim, mais cedo ou mais tarde, voltarei a rezar e retornarei à Igreja Católica — e não estou dizendo isso de brincadeira".
Embora Castro nunca tenha falado publicamente sobre retornar à Igreja, ele acompanhou o papa Francisco durante sua viagem de 10 dias por Cuba em 2015.
Francisco enfrentou críticas frequentes de que sua proximidade com Castro o levava a ignorar as supostas violações de direitos humanos em Cuba. Pressionado a condenar as prisões em massa de manifestantes pelo governo cubano em 2021, o papa itiu sentir-se em conflito.
"Confesso que tenho uma relação humana com Raúl Castro", disse o pontífice aos repórteres na época.
Ainda segundo o jornal Granma, Miguel Díaz-Canel, atual presidente de Cuba, declarou estado de luto a partir da manhã desta quarta-feira (23) até o meio-dia de quinta-feira (24), durante o qual a bandeira nacional estará hasteada a meio mastro.
Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, assumiu o título de papa em março de 2013. Ele marcou a história da Igreja Católica como o primeiro papa latino-americano e o primeiro jesuíta a ocupar o cargo.
O pontífice de 88 anos morreu após um AVC e uma falência cardíaca irreversível, informou o médico do Vaticano, Andrea Arcangeli, em um atestado de óbito divulgado na segunda-feira (21).