No entanto, mesmo com a intenção de apoiar, engajar ou encorajar os jovens, é comum que pais, responsáveis e professores acabem, sem perceber, aumentando a pressão e a ansiedade típicas desse período da vida.
Algumas falas, em especial, podem soar desmotivadoras ou causar desconforto nos vestibulandos.
Para Daniela Coccaro, coordenadora e orientadora educacional do Ensino Médio da escola Lourenço Castanho, em São Paulo (SP), é importante que os adultos reconheçam que os vestibulares atuais - especialmente os de instituições públicas - são mais desafiadores e concorridos do que há 20 ou 30 anos.
“Em vez de cobrar respostas, criticar as notas no Ensino Médio ou exigir desempenho do vestibulando, o ideal é que pais e professores colaborem com o planejamento do cronograma de estudos ou da estratégia para aprovação”, orienta Daniela.
Segundo ela, é mais produtivo evitar questionamentos insistentes sobre a escolha do curso ou dúvidas quanto à afinidade do estudante com a área escolhida. Em vez disso, o recomendado é incentivá-lo a buscar informações sobre a carreira desejada, conhecer melhor as instituições de ensino e oferecer apoio para que compreenda as possibilidades que cada curso pode proporcionar.
“A pergunta não deve ser se o estudante acha que o curso tem a ver com ele, mas sim se ele se vê atuando na área, quais características pessoais se alinham ao curso, o que é essencial para ele e como pode direcionar seus esforços”, conclui a educadora.
Quando se trata de graduações muito disputadas, como Medicina, cobrar do estudante uma segunda opção pode ser um equívoco. Essa cobrança tende a desmotivá-lo, minando sua confiança e, consequentemente, prejudicando seu desempenho ao longo da preparação. Assim, é mais eficaz compreender as dificuldades enfrentadas, conduzir o vestibulando a uma autoavaliação realista sobre suas chances de aprovação e oferecer apoio para que ele se prepare de forma consistente.
Cabe também aos adultos ajudar a monitorar se o jovem está exagerando no ritmo e na carga de estudos. Sugerir momentos de relaxamento, por meio da prática de esportes, leituras prazerosas e atividades de lazer, contribui para a redução da ansiedade e, ao mesmo tempo, amplia o repertório cultural - algo que pode fazer diferença no momento da prova.